Acho mesmo que abomino a futilidade.
Sempre soube distinguir o fútil do útil, mas mais que tudo, saber, e escolher entre o fútil e o necessário tem sido uma mais-valia da minha personalidade.
Já não poderei afirmar que o reconhecer pessoas fúteis e não gostar delas, não me rever nelas, não compactuar com as suas futilidades me trás a mesma mais-valia, até porque infelizmente proliferam como cogumelos num Outono chuvoso.
Por vezes penso que anda por aí um novo surto, o surto da futilidade com efeitos secundários de mediatização.
E eis que nos aproximamos da época mais repleta de futilidades, o Natal.
Filas de gente fútil, compra inúmeras futilidades, gastando dinheiro que seria não só útil como precioso para garantir uma vida melhor para muitos, que por vezes estão mesmo à sua volta.
Empresas privadas gastam infinidades em festas absolutamente fúteis em vez de contribuírem para uma vida melhor no dia-a-dia dos seus trabalhadores.
Certas autarquias, só na conta da EDP pela iluminação na dita quadra de Natal, que quase começa em Outubro…poupavam tanto se prescindissem dessa (bela e luminosa) futilidade que daria certamente para pagarem algumas, se não quase todas, as contas em atraso.
Penso neste tema da futilidade em todos os Natais e lamento que mesmo apesar de todas as crises financeiras, as pessoas continuem a aderir em massa, para o aumento não da produtividade mas sim da futilidade.
Afinal o Natal, celebrado no dia 25 de Dezembro, não é o simbólico dia de aniversário de Jesus? Será que Jesus, se vivesse entre nós, apreciaria tanta ostentação e faz de conta à volta do seu aniversário?
E aquela frase “ o Natal é quando o homem quiser”?! Se é assim, então vou inventar a data do meu aniversário, creio que me dava mais jeito fazer anos no Verão para os celebrar na praia…
Sei que o conceito que se tenta transmitir nesta frase é o da solidariedade, algo que se deve praticar todos os dias, mas na minha opinião, “anexar” este conceito ao dia de aniversário de Jesus não tem qualquer sentido.
Continua-se, ano após ano, a gastar dinheiro excessivamente mal gasto por ser mal canalizado e gerido.
Que bem poderá proporcionar a uma família carenciada ou um sem-abrigo uma festa de Natal cheia de luzes, comida e bebida, se o resto do ano são ignorados? Isto pode comparar-se a dar um grande prato de comida a um anoréctico em vez de lhe oferecer um tratamento. Cruel!
A futilidade tem enorme repercussão em gastar-se mal, mas a desculpa é da “crise”.
Havendo uma possível cura para este surto, podia canalizar-se os mesmos recursos para o básico necessário ao bem-estar diário de todos, e aí sim, poderia festejar-se o aniversário de Jesus com a dignidade que se merece.
Gina
01.12.2010
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