Hoje apeteceu- me ouvir de novo "Esse Olhar Que Era Só Teu" dos Dead Combo e meditei
um pouco sobre o que me transmite.
Este tema musical diz tudo sem qualquer necessidade de
lírica.
De facto, todo o olhar é único e intransmissível, mas absorvê-lo, compreendê-lo e transmiti-lo de forma abrangente é ainda mais único e excepcional.
De facto, todo o olhar é único e intransmissível, mas absorvê-lo, compreendê-lo e transmiti-lo de forma abrangente é ainda mais único e excepcional.
Este tema "Esse Olhar Que Era
Só Teu" dos Dead Combo é sem dúvida tudo isso.
Para quem não conhece este grupo de Lisboetas que transpira talento
musical, aqui vai uma citação da Wikipedia:
A banda é constituída por dois membros
apenas: Tó Trips (guitarras) e Pedro V. Gonçalves (contrabaixo, kazoo, melódica e guitarras).
Os membros conheceram-se em 2001, quando
no final de um concerto, Tó pediu boleia a Pedro sem saber que este não tinha
carro. Foram então ambos a pé até ao Bairro Alto e, no meio da conversa, surgiu a ideia de gravarem um álbum em tributo ao
génio da guitarra portuguesa,Carlos Paredes.
Hoje lembrei-me deste tema "Esse Olhar Que Era Só Teu" dos Dead Combo porque me
arrepia no bom senso do seu significado através do transporte imaginário a
outras tempos, a outras eras.
Sou Lisboeta, e ao ouvir este tema,
apesar de não ser normalmente saudosista, sinto, além da emoção, uma saudade de
Lisboa dos tempos em que lá nasci e vivi.
A música, "Esse Olhar Que Era
Só Teu", transmite-me os cheiros a Lisboa que são uma mistura de mar, manjericos, as
flores à venda na Praça da Figueira, peixe fresco na brasa e pastéis de nata a
sair do forno, com canela, e as emoções da Lisboa dos pregões, das tascas, das esplanadas
cheias em noites de Verão, das tertúlias, do Parque Eduardo Sétimo
(meu parque preferido para o passeio de domingo), da Feira Popular, da Fonte
Luminosa em pleno funcionamento, dos Cacilheiros, do Fado e do génio da
guitarra Carlos Paredes.
Carlos Paredes cujo talento lhe corria literalmente nas veias porque lhe foi geneticamente
transmitido pelo seu pai Artur Paredes, foi amigo de meu pai quando eram
jovens.
Segundo meu pai, uma das suas escapadelas
de jovens era para os lados da serra de Sintra, onde o Carlos Paredes dava aso ao seu talento tocando para os
amigos, a guitarra que levara escondida dentro da gabardina, para que a sua mãe
não lhe ralhasse por considerar aquilo um acto leviano e de perda de tempo. Mal sabia, então, a senhora mãe de Carlos Paredes que o seu filho seria um génio admirado e seguido por tantos, sabe-se lá
por quantas décadas.
Deixo-vos a ouvir "Esse Olhar Que Era Só Teu" dos Dead Combo, na certeza que, mesmo os não Lisboetas
irão gostar, e sentir pelo menos um cheirinho do Portugal simples
e genuíno que ainda hoje existe apesar da globalização.
Gina
14.7.2013
14.7.2013